segunda-feira, 15 de junho de 2015

A mudança

Assumo que há muito não escrevia. Há muito não pensava escrever. Há muito não me lembrava que um dia escrevi. Há muito que a escrita eram apenas palavras mentais e não saiam de uma realidade alternativa não passível de ser lida por outrem.
Mudei.
Tudo mudou.
Tudo muda.
E eu estou aqui, mais de 3 anos depois do último post, prestes a soltar o que tem de ser solto.
Tenho em mim um furacão, contido por um muro cada vez mais espesso mas ao mesmo tempo mais instável. Cheio de pequenas fissuras, pequenas infiltrações e tentativas falhadas de destruição quer por dentro quer por fora.
Leio o meu passado aqui e encontro-me com um "eu" que já mal me lembro. Mas, contudo, ao ler, lembro-me de cada momento e fase em que escrevi cada palavra. E resumindo: Tudo mudou.
Ou será que apenas esteve adormecido? A sensação que tenho é que nestes 3 anos uma monstruosidade de situações, sensações, amores, desamores, sorrisos e lutas, mudaram o rumo da minha vida demasiadas vezes.
Agora espera-me a mudança real. Aquela que está colada a mim e latejante por existir. Mas com ela vem tanta coisa mais, medos, anseios, suor e provavelmente muitas lágrimas. Sorrisos e felicidade são a meta. Estou na corrida. Quero então suportar e resistir até a
cortar.
Começou em pensamentos e posteriormente, após várias repulsas, sairam em voz alta: "Tenho de ir lutar, tenho de mudar, tenho de sair e desistir de algumas coisas que estão seguras porque a felicidade terá de passar por reatar essa segurança noutras paragens". E assim é. Vou sair, vou e estou a começar a lutar com as pequenas grandes armas que tenho, a determinação, o sonho de fazer melhor, e a garra para me agarrar ao que preciso e procuro.
Vão 5 anos praticamente que o suor de um curso deu frutos. São 5 anos em que o Mário, Enfermeiro, cheio de sonhos e objectivos, com vontade de ser Enfermeiro na Pediatria Oncológica, saiu do forno. São 5 anos em que o Mário, esse mesmo Enfermeiro se adaptou a uma Medicina, que se pode considerar bem adaptado e em que não esquece o quanto foi e é feliz a tratar de um público bem diferente mas simplesmente, e na sua maioria, extraordinário. Adaptou-se, integrou-se, assentou e sente que vingou até ao possível de momento. "Há apenas um problema Mário" - pensei eu - "este não eras tu... tu não tinhas uns sonhos? IPO lembras-te? Sim tinhas aqui a tua parte social e a felicidade e estabilidade pessoal há uns anos, mas onde está? Isso não terá mudado e mascarado os teus sonhos? Sim tu namoras-te e viste um futuro aqui e com tudo para resultar mas diz-me se estarei errado, isso não deixou mesmo de existir? Acho que te esqueces-te da tua vida..." E esqueci.
Como poderei eu ter-me esquecido de mim? De olhar para mim... Eu adaptei-me, fui feliz e em nível de trabalho tenho tudo para estar bem, para vingar dentro do que me é possível mas o Eu. Onde estou? Ali mesmo onde fisicamente tenho vivido e trabalhado mas que na realidade fui saindo aos poucos com todas as pessoas que me enchiam a alma e me davam alento? Não! Estou fechado por trás da porta da cave da alma. Está na hora de abrir a porta.
Vou sair.
Vou lutar pelos objectivos. Mesmo que por partes. Até sentir que encontrei os pedaços de alma perdidos há muito. Vou para Lisboa assim que possível. IPO é o sonho e veremos se a minha determinação e vontade de continuar a sonhar me será permitida após a minha insistência. Mas não cruzarei braços. Isso é certo. são várias metas depois mas vamos a estas, os sonhos não são de mais em ocasião nenhuma mas por agora vamos a estes e os outros estão nas páginas seguintes.
Se será fácil? Não.
Se estarei sempre certo e feliz com isto? Não.
Se me vou arrepender algumas vezes? Sim.
Mas o caminho é este. Nunca é fácil o caminho certo e necessário porque os obstáculos existem sempre. Mas vou só equipar-me e vou para a batalha.
Volto já.

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