terça-feira, 27 de abril de 2010

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Não sei o porquê de me apetecer escrever aqui todos os dias ultimamente mas a verdade é que apetece mesmo... e talvez seja porque tenho tanto para dizer a tanta gente antes de partir desta cidade. Tantas emoções para partilhar com muita gente que gosto e tão pouco tempo e coragem para o fazer. Tenho medo...sinto medo por ir para um lugar que me trás insegurança, me trás solidão e me transmite alguma frieza, aquela cidade perto mas parece tão longe.
Sinto que muita coisa vai mudar nos próximos tempos, para bem e para mal sinto que vão acontecer mudanças, será inevitável...já iniciei uma fase em que noto diferenças, distância por parte de pessoas por quem dava tudo, frieza duns, afastamento de outros...custa viver isto assim, dói ver pessoas a quem damos tudo por vezes nos fazerem sentir sozinhos e sem sentido. Tenho, no entanto, quem me faça o sentir bem, feliz e apoiado. Agradeço a toda a gente, são essenciais para mim e assim espero que sejam porque sem eles não irei aguentar.
Desde já prefiro não especificar até porque as pessoas sabem quem são e só vos digo...ADORO-VOS

domingo, 25 de abril de 2010

A razão do que escolhi, o porquê de para onde vou

"Todo começou quando acordei com um alto no pescoço, eu pensei que tinha sido um jeito que tinha dado enquanto dormia mas estava bem longe de tar certo esse alto foi aumentando até que tinha o pescoço quase quadrado, durante um mes fui ao hospital da minha residencia e la diziam que era apenas um virus que passava com o tempo o virus do "beijinho" (Mononucleose infecciosa) durante esse mes todo foi o que ouvi até cheguei a ser mal tratado não me vou esquecer nunca do que um medico disse"isto não é caso para se vir a um hospital", só mesmo no ultimo dia quando fui a uma consulta devido a outro problema é que a medica achou muito estranho mandou me para o IPO de Lisboa este foi o pior dia da minha vida, fiz vários exames e foi me diagnosticado uma Leucemia, toda a minha familia ficou de rastos eu com apenas 9 anos de iadade ainda não tinha mentalidade para perceber o que se estava a passar mas não foi perciso muito tempo para perceber,passados uns dias internado percebi o que se tava a passar percebi que afinal o virus que tinha que a minha mãe tanto tentava me esconder dizendo que era um virus que passava, afinal era um cancro, os primeiros tempos no hospital foram os mais dificeis fiz os meus 10 anos na cama do hospital, não podia brincar com os meus amigos, os tratamentos deixavam me muito em baixo, fui obrigado a crescer e rapidamente ja não era uma criança que brincava com action mens mas sim um pequeno adulto com uma vontade de viver que foi capaz de ultrapassar tudo pa seguir em frente na vida os anos foram passado eu ia crescendo e sobrevivendo mas ao mesmo tempo via amigos partir o que foi muito dificil, eu consegui vencer e tenho de agradecer a deus, aos medicos que me curaram, as enfermeiras, auxiliares que tam bem me trataram todos daquele magnifico hospital o IPO de Lisboa e principalmente ao apoio da minha familia principalmente da minha mãe e da minha avó foram eles que me fizeram vencer esta luta sem eles não era capaz Obrigado!!! Hoje passado 10 anos sou um rapaz saudavel apesar de ter ficado com muitas sequelas posso dizer que o que intressa é que estou vivo podia já não tar cá para vos contar a minha história mas felizmente tenho essa sorte de ter ultrapassado tudo e de estar bem. Tenham sempre vontade de viver se o tiverem ja e meio caminho andado para vencer." Relato de Paulo Ponte

Pois é...é inevitável e está a chegar o momento da verdade. É para ajudar fazer o meu melhor em situações como a que o Paulo relata que vou estagiar para onde escolhi seriamente à uns meses...Serviço de Pediatria do IPO. Ao longo do período desde a minha escolha até ao dia de hoje, já muito me foi dito.
Começou por a própria professora orientadora me dar a entender que não queria lá colocar alunos da escola, mas eu insisti e depois de muitas conversas com ela e outros colegas que la tiveram antes, lá me foi permitido ir... Depois já muita gente me disse que não vou conseguir aguentar bem esta carga toda, que a minha personalidade vai levar-me a sofrer muito com o que lá se dá, outros acham que consigo por essa mesma razão. Muita gente quando me pergunta para onde vou e lhes digo "IPO pediatria" automáticamente torcem o narzi... E eu? pois eu não sei...seriamente que não sei...
Tenho uma resposta aliás, vou com vontade de ajudar quem mais precisa, vou porque não me iria perdoar se não o fizesse, trata-se de um objectivo pessoal de há muito tempo que tinha de ver cumprido. Sempre fui teimoso e esta não foi excepção.
Vou contar o porquê de querer vir seguir este caminho, o porquê de querer ajudar estas crianças ou qualquer doente oncológico. Vi partir a minha avó, tinha eu 13 anos, ela viveu ou sobreviveu (nem eu tinha noção dessa diferença na altura) com a doença durante esses 13 anos, pois descobriu que a tinha antes de eu próprio nascer e já não era tratável. Eu cresci sempre com a ideia de ver a minha avó às vezes em tratamentos, outras vezes não. Para mim era uma situação normal e fui criado com ela e lá passava muito tempo enquanto os meus pais trabalhavam e sempre a conheci assim. Era doente e eu sabia mas não entendia a diferença para as restantes doenças como uma constipação ou uma gripe. Nunca me escondeu o seu peito quando se vestia e viu-o muitas vezes, cada vez pior mas não entendia o porquê. Para mim era uma ferida. Até que nos seus ultimos tempos tudo piorou demasiado...tinha o que hoje sei que eram metásteses osseas, faleceu no dia 23 de Janeiro de 2001, anos do meu irmão e sei que a sua ultima frase foi "só tenho pena de cá deixar os meus netinhos"...dói tanto pensar nisto...dói mesmo mas a vida assim o quis e levou a minha avozinha...
Não foi só isto...aos 18 anos levou uma boa amiga que tinha, tinha eu 17 anos na altura. Lembro-me da frase da minha mãe quando me informou da doença da Carla "olha filho acho que a Carla tem qualquer coisa ruim no sangue". eu tinha 16 anos, para mim podia ser qualquer coisa...menos... uma Leucemia...algo que vim a saber uns dias depois. "ok vai curar-se, a Carla vai decerto curar-se, não sei bem o que isso é mas é a Carla, tem uma força brutal, um sorriso hilariante..." foi o que pensei. Muito vi e assisti da Carla no seu processo de doença, e já tendo uma idade diferente para compreender, sabia o que ia acontecendo. Assisti a alegrias e tristezas...à alegria de saber que tinha encontrado um dador, a tristeza de meses depois ter rejeitado, a alegria de encontrar novo dador e...a imensa dor de a ter perdido meses depois...mais uma vez não me vou esquecer...sabia que estava já muito mal e lembro-me de ver a minha mãe a subir as escadas de casa e olhar para mim enquanto lavava o aquário e me dizer "daniel, a carla..." e começar a chorar. Só lhe respondi "deixa, já percebi" e continuei a lavar embora a mente estivesse estática. não queria ir velála, não queria vê-la morta mas fui, a minha mãe obrigou-me e quando lá cheguei a mãe dela pediu-me que lhe tocasse, que sentisse os seus cabelos e lhe desse um beijinho. Relutante eu fui e assim fiz, não estava morta...dormia eternamente e isso é diferente, eu estava mais frio que ela e isso fez-me senti-la quente, os seus cabelos estavam lindos e macios...ela estava linda. Hoje fiz dela um dos meus anjos da guarda, juntamente com a minha avó. Lembro-me das suas gargalhadas e tudo o mais. Amo-as para sempre. A minha tia passou por algo idêntico, um meningioma, mas tudo ocorreu pelo bem e hoje está bem, dentro do que lhe foi possivel mas está viva e isso é o mais importante para mim.

São estas as razões especificas da minha escolha, foi por elas que prometi que iria dar o meu melhor e tentar fazer o que com elas eu não consegui, ajudar nos piores momentos, estar nos tratamentos, perceber o que fazia e dar o meu melhor e isso com elas nunca o pude fazer, não sabia como, não tinha como...
Quem não me conhece fica agora a saber um pouco do passado, quem já conhece e não sabia fica a agora a perceber porque me custa às vezes tanta coisa, porque me custa tanto errar na vida...Desculpem quem já magoei...Obrigado a quem compreende e mesmo a quem não compreende, por estarem comigo quando precisei e preciso

sábado, 24 de abril de 2010

Depois dum dia bom, veio o mau claro...triste e sem esperança

Belo dia pois...quando tudo devia soar a bem, a chuva parece ter tomado conta de mim.
A uma semana de ir embora, sair da cidade de Évora que tão bem me acolheu à 3 anos e meio, para não saber se para cá volto ou se só venho de vez em quando, ouço 2 pessoas das que do mais importante são para mim desconfiarem do valor que lhes dou por causa de uma mera e maldita frase...Como é possivel alguém de quem gosto, por quem dava a vida e já mostrei o quanto gosto e respeito pensar sequer numa situação dessas. Sinto-me triste...sinto-me sem saber o que pensar, o que dizer, como agir... e tudo isto a uma semana de partir...
Nem acredito que se aproxima este dia, que terei de sair desta cidade, de abandonar estas pessoas, este projecto da tuna, vou ficar vazio, vou para um local em que devia ir cheio de mim, de energia, de apoio e não o vou...vou com um mero corpo pois a alma não quer sair daqui...está agarrada e não descola, esta espalhada pelas várias pessoas a quem já de mim dei um pouco e é a forma que tem de se proteger e evitar sair daqui...
Não posso obrigar a minha alma a sair, era injusto, foi aqui, com estas pessoas que ganhou e sentiu vida, foi aqui que tem passado alguns dos melhores anos da sua existência, aprendeu a andar por si e respirar lado a lado com as outras almas vivas dos meus então amigos. E como não a posso obrigar a vir comigo e, sinceramente, não o quero fazer, vou deixá-la cá, vou deixá-la com quem confio, quem a pode tratar e alimentar. E sendo assim, vou vazio, vou viajar sozinho com um corpo ausente, que apenas desempenhará funções vitais, tentado contra a corrente ajudar quem mais precisa...as crianças. Vou para um sítio onde sempre quis tentar passar mas agora que para lá estou quase a ir admito...estou em pânico, a caminhar para um beco que terei de trepar sozinho, sem apoio e não tenho rede nem almofadas a apoiar futuras quedas...pois essas estarão a mais de 100 km de distância, longe para quem quiser chegar e amparar...
Estou triste, vazio e agarrado a uma droga que não é reconhecida como tal mas a sua depência é extrema...amizade e música...
Desta forma aqui vou pôr uma das músicas que mais poder tem sobre mim nesses momentos de tristeza, dá vontade de realmente...voltar ao inicio.

Um dia especial

Hoje é um dia especial, em muitos aspectos. Começou péssimamente com um atraso irresponsável da minha pessoa que me impediu de sentir bem e seguro no meu trabalho, com todas as consequências que isso trouxe ou traria noutras circunstâncias. De qualquer forma posso mesmo dizer que o dia que começa de forma horrível termina bem, com um sentimento de um vazio constante mas com um cheiro intenso de felicidade a pairar nesse espaço. Isto por várias razões...uma conversa importante com a minha enfermeira preceptora, importante ao ponto de me fazer sentir que ainda talves me mantenha no curso certo, que embora tenha tentado manter-me vivo e agarrado à minha vida pessoal, nunca deixei uma alma de enfermeiro, a meu ver esquecida à muito tempo por circunstâncias e causas pessoais etc. e apercebi-me mais uma vez de que a minha alma é incansável, sou um ser inesgotável e vive do gostar e dedicar a outros, que adoro os meus amigos e que são a minha força diária. Sei que ultimamente não tenho sido mais uma vez correcto com quem me é próximo e tanto de si me dá, mas eu ajo conforme me sinto no momento e peço desculpa a todos aqueles que de alguma forma estão magoados comigo.
Eu admito, sou um ser humano, respiro oxigénio para depois expirar dióxido de carbono, tenho 5 sentidos e quando me belisco...dói, sinto e tenho pessoas de quem gosto mesmo e outras nem por isso. Só quero que nunca ninguem duvide do valor que para mim têm, há coisas que alteram mas o meu sentimento se vos disse que gosto de vocês, é verdadeiro e mantêm-se, independentemente de vos ter sempre comigo ou continuar a estar 20 horas por dia. Gosto e pronto. Não o digo tanto quanto gostava e devia, mas sinto para mim, vê-se nos gestos que tenho para quem está atento e observa.
Só tenho a agradecer a quem me apoia sendo como sou, quem sempre de mim gostou por ser quem sou e não por quem gostariam que eu fosse, agradeço a todos.
Sinto que me estou a ir embora, está a chegar o momento de partir para longe de quem me dá força, de quem me apoia e de quem me ajuda a viver um pouco dentro de cada um...sinto que vou ter de ligar a bateria pois a corrente eléctrica vai enfraquecer e o transformador não terá energia suficiente para se manter ligado. Por essa razão quero, tal como um mergulhador em profundidade, dar uma expiração daquelas como se o nossos pulmões recebessem 20 L de O2 pois precisarei. O telefone serão apenas pequenas golfadas insuficientes mas talvez ajudem o mergulhador não a viver, mas a sobreviver.
Sentia saudade de escrever mas não sabia sobre o quê, mas há mensagens que marcam, pessoas que chegam e ficam, outras que chegaram a algum tempo e manter-se-ão para sempre comigo, morra hoje, amanha, para o ano ou daqui a 50. Apenas peço que acreditem em mim e que não quero nunca desiludir de quem gosto.

Um grande abraço a todos aqueles que de mim fazem um ser feliz, acredito que sabem quem são ;)