domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tuna - uma história, uma forma de vida... oxigénio


No ano de 1212, em Espanha, surge, por ordem de El-Rei D. Alfonso VIII, o primeiro “Studium Generale” em Palencia, que seria o antecessor das actuais Universidades. Pouco tempo depois, D. Diniz manda construir os Estatutos Gerais de Lisboa (1285) que, devido a diversos problemas entre a população e os estudantes foram trasnferidos pouco depois para Coimbra – surgindo a primeira Universidade portuguesa (com esta designação). Aos Estudos Gerais que foram sendo criados acediam jovens de todo o país e mesmo de outros países vizinhos. Assim surgem, em Espanha, os Sopistas, predecessores dos actuais Tunos.

Os Sopistas eram estudantes pobres que, com as músicas, simpatia e brincadeiras percorriam casas nobres, conventos, ruas e praças em troca, muitas vezes, de um prato de sopa (daí o seu nome – sopistas) ou de uma moeda que os ajudasse a custear os estudos. Quando caía a noite e tocavam os sinos de recolha cantavam serenatas às donzelas que queriam conquistar, sendo, muitas vezes, perseguidos pelas polícias universitárias (visto que o recolher era obrigatório para os estudantes). Daí que os Sopistas começaram a utilizar longas capas negras para, na noite escura, se poderem esconder dos polícias.
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Eram conhecidos por transportarem sempre consigo um garfo e uma colher de madeira, o que lhes permitia comer em qualquer lado. Assim, quando se formaram as primeiras Tunas, ainda com muitas tradições sopistas, os símbolos adoptados (essencialmente em Espanha) foram, justamente a colher e o garfo de madeira.

Foi no Século XVI que se formaram as Tunas como as conhecemos hoje. Os sopistas passaram a ter direito, segundo a “Instrucción para bachilleres de pupilos” instaurada em 1538, a residências estudantis (para queles que não podiam custear o seu alojamento). Nas residências não se podiam misturar cursos diferentes e eram dirigidas pelos estudantes mais antigos. Assim as residências juntaram a comunidade sopista, logo, nunca foram grande exemplo de estudo, daí que no livro “La vida del Picaro Guzmán de Alfarache” podemos ler: “...no querian ver libro, ni atender a lo que habian venido a la Universidad; jamás se les caían las guitarras de las manos, daban mucho entretenimiento, cantaban muy bueno sonotillos y siempre tenian de nuevos, y los sabian nacer muy bien y pasar el instrumento”.
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Julga-se que o nome Tuna surgiu, porque muitas das tradições sopistas eram baseadas na atitude de um califa, boémio e mulherengo, de Tunes – Tunísia, que levava uma vida trovadoresca. Passava dias e noites a cantar pelas ruas e em grandes tainadas com os amigos e, pela noite, encantava as donzelas de Tunis com serenatas ao som do seu alaúde. Assim, os sopistas tinham sido influenciados por esse califa da Tunísia o que originou que, mais tarde, visto que o nome sopista já não condizia a realidade (os estudantes passaram a tocar para se divertirem e não para sobreviverem) e tornara-se depreciativo, os grupos de estudantes de tradição sopista se passassem a intitular Tunas.

Esta origem remota no mundo Árabe desta tradição secular, a das Tunas, explica porquê que o bandolim desempenha um papel fundamental na sonoridade das Tunas, porque foi inspirado no Alaúde deste Califa. Os instrumentos eram, e ainda são (apesar de algumas alterações mais recentes), maioritariamente cordofones pois isto permitia às Tunas andarem pelas ruas carregando-os.

As tunas em Portugal surgiram apenas em meados do séc. XIX. Conta-se que um grupo de estudantes de Coiombra se deslocou, um dia, a Espanha e, observando o sucesso que as Tunas por lá faziam importaram a ideia para o nosso país. No entanto, é muito difícil definir qual a Tuna mais antiga do país. Sabe-se que a Tuna Académica da Universidade de Coimbra se fundou no ano de 1888, a Tuna Universitária do Porto também se crê que tenha tido a sua origem por volta de 1890, ainda sob outra designação e mesmo antes da criação (oficial) da Universidade do Porto, a Estudantina de Coimbra também se pensa ter uma existência secular, a Tuna Académica do Liceu Nacional de Évora - por muitos considerada a primeira Tuna portuguesa, a Tuna de Ciências da universidade do Porto também remota ao início do séc. XX, entre outras.

Hoje em dia as Tunas são um fenómeno generalizado em Portugal, Espanha e América Latina, existindo apenas algumas tunas fora destas regiões.





Aqui fica explicada a origem daquilo que hoje conhecemos como tunas e porque surgiram, porque tuna não é apenas um grupo de pessoas que cantam, não é andar vestido de preto para parecer tudo igual, não +e traçar uma capa porque faz frio, não é cantar para alguém porque queremos ser famosos, etc... é um estilo de vida, é suor, dedicação e até lágrimas, são sorrisos audíveis e inaudiveis, é usar a alma e colocá-la em cada acorde, cada nota emitida, cada salto e som conseguido...é respirar.

Porque só quem gosta e quem sente o que falo, porque não espero que toda a gente entenda isto dedico este post a quem sente o espirito académico e a tuna da mesma forma que eu, aos meus afilhados André, Alex e Vera, à Ana Catarina, obviamente à minha namorada e claro e inesquecivelmente à grande TESESJD.


=)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Brincador


Porque à medida que vamos crescendo, vamos perdendo esta capacidade, porque achamos que crescer é deixar de ser crianças, porque achamos que brincar é apenas um direito delas, aqui transcrevo um texto de Álvaro Magalhães que, desde o momento que o ouvi pela primeira vez me ficou na memória e identifica o que quero ser para sempre...um brincador. E espero que com o final de uma etapa da minha vida em que isso ainda me é permitido, e com o consequente inicio de algo "tipicamente adulto" como é a entrada no mercado de trabalho, não perca essa minha capacidade e característica.
Dedico então este post a todas aquelas pessoas que entendem do que falo e que fazem da brincadeira um pedaço do ser adulto, porque ser adulto não é um tédio, é a forma de se chegar a brinquedos que estavam inatingíveis.


«Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.
Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.
Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for.
Quando for grande, quero ser um brincador.
Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor.
Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer.
Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador…
A mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”. Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.
A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras.»

O Brincador,
Álvaro Magalhães

domingo, 14 de fevereiro de 2010


Hoje é aquele brilhante dia, o de S. Valentim, dia dos namorados. Não ligo muito a este dia mas a verdade é que este dia também se espera que seja o meu este ano ;)
Por essa razão dedico a foto acima aquela pessoa que me é tanto, a minha namorada. LU@

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Malangata doutor Honoris Causa, Univ. Évora

Na passada quinta-feira, foi entregue pela Universidade de Évora o doutoramento Honoris Causa ao pintor Moçambicano Malangatana e, no final da cerimónia houve actuação de tunas académicas da universidade. Uma delas da TAFUÉ, tuna onde pertencem duas grandes raparigas, uma delas a minha afilhada Vera. A ela e à Ana Catarina os meus parabéns por esta primeira actuação, estiveram muito bem e espero ver-vos mais vezes e sempre a mostrarem o vosso valor que é enorme ;)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Uma necessidade de libertação

Já passou um ano...um ano desde a última vez que aqui deixei uma marca, e hoje sinto necessidade de o voltar a fazer. Acordei com uma nostalgia, um sentimento de saudade...saudade de quem ainda não perdi, de quem espero nunca perder nesta estrada que é a vida. Espero que nesta estrada que falo seja um reboque, de forma a trazer comigo todos aqueles que me são importantes e que nunca os deixe cair, espero conseguir ter combustivel para seguir eu e leválos comigo como sempre o faço.
Passaram 3 dias desde o meu aniversário e foi um dos melhores dias de sempre, com pessoas que venero e adoro, quase todos os mais importantes e que me fazem cada dia levantar da cama e pôr um sorriso na cara, a eles lhes agradeço por tudo o que têm feito por mim, mesmo que não se tendo apercebido, eu quando digo que são essenciais para mim...são-no realmente. E se algum deles algum dia ler isto, se algum dia te disse "adoro-te" é porque és das pessoas mais importantes na vida deste ser e realmente darei tudo pa te ver em pé e com um sorriso na cara.
Estou na fase final de um ciclo da minha vida, um ciclo que não queria ver terminar tão depressa mas um segundo é um segundo, um minuto é um minuto, uma hora não passa de uma hora e simplesmente o tempo é imparável e não vai parar só porque desejo por demais que o faça. Já vejo a obtenção de uma meta à 4 anos traçada e ao contrário de um corredor, não a queria atingir o mais depressa possivel. Depois de a cortar tenho medo do que perderei em troca...tenho medo de deixar de ver os sorrisos na cara daqueles que gosto e que já falei acima, tenho medo de deixar de os ter perto, de os poder ver todos os dias e de simplesmente os abraçar e dizer o quanto gosto deles.
Gosto da minha familia, da minha namorada, gosto dos meus afilhados,gosto dos restantes amigos, gosto de musica, gosto de cantar, gosto da minha tuna...gosto de viver mas sinto muitas vezes que estou fraco, que a dor da possibilidade de perder isto me está consumir.
Mas a todos aqueles que me são tudo e que sabem que o são, adoro-vos ;)