"Todo começou quando acordei com um alto no pescoço, eu pensei que tinha sido um jeito que tinha dado enquanto dormia mas estava bem longe de tar certo esse alto foi aumentando até que tinha o pescoço quase quadrado, durante um mes fui ao hospital da minha residencia e la diziam que era apenas um virus que passava com o tempo o virus do "beijinho" (Mononucleose infecciosa) durante esse mes todo foi o que ouvi até cheguei a ser mal tratado não me vou esquecer nunca do que um medico disse"isto não é caso para se vir a um hospital", só mesmo no ultimo dia quando fui a uma consulta devido a outro problema é que a medica achou muito estranho mandou me para o IPO de Lisboa este foi o pior dia da minha vida, fiz vários exames e foi me diagnosticado uma Leucemia, toda a minha familia ficou de rastos eu com apenas 9 anos de iadade ainda não tinha mentalidade para perceber o que se estava a passar mas não foi perciso muito tempo para perceber,passados uns dias internado percebi o que se tava a passar percebi que afinal o virus que tinha que a minha mãe tanto tentava me esconder dizendo que era um virus que passava, afinal era um cancro, os primeiros tempos no hospital foram os mais dificeis fiz os meus 10 anos na cama do hospital, não podia brincar com os meus amigos, os tratamentos deixavam me muito em baixo, fui obrigado a crescer e rapidamente ja não era uma criança que brincava com action mens mas sim um pequeno adulto com uma vontade de viver que foi capaz de ultrapassar tudo pa seguir em frente na vida os anos foram passado eu ia crescendo e sobrevivendo mas ao mesmo tempo via amigos partir o que foi muito dificil, eu consegui vencer e tenho de agradecer a deus, aos medicos que me curaram, as enfermeiras, auxiliares que tam bem me trataram todos daquele magnifico hospital o IPO de Lisboa e principalmente ao apoio da minha familia principalmente da minha mãe e da minha avó foram eles que me fizeram vencer esta luta sem eles não era capaz Obrigado!!! Hoje passado 10 anos sou um rapaz saudavel apesar de ter ficado com muitas sequelas posso dizer que o que intressa é que estou vivo podia já não tar cá para vos contar a minha história mas felizmente tenho essa sorte de ter ultrapassado tudo e de estar bem. Tenham sempre vontade de viver se o tiverem ja e meio caminho andado para vencer." Relato de Paulo Ponte
Pois é...é inevitável e está a chegar o momento da verdade. É para ajudar fazer o meu melhor em situações como a que o Paulo relata que vou estagiar para onde escolhi seriamente à uns meses...Serviço de Pediatria do IPO. Ao longo do período desde a minha escolha até ao dia de hoje, já muito me foi dito.
Começou por a própria professora orientadora me dar a entender que não queria lá colocar alunos da escola, mas eu insisti e depois de muitas conversas com ela e outros colegas que la tiveram antes, lá me foi permitido ir... Depois já muita gente me disse que não vou conseguir aguentar bem esta carga toda, que a minha personalidade vai levar-me a sofrer muito com o que lá se dá, outros acham que consigo por essa mesma razão. Muita gente quando me pergunta para onde vou e lhes digo "IPO pediatria" automáticamente torcem o narzi... E eu? pois eu não sei...seriamente que não sei...
Tenho uma resposta aliás, vou com vontade de ajudar quem mais precisa, vou porque não me iria perdoar se não o fizesse, trata-se de um objectivo pessoal de há muito tempo que tinha de ver cumprido. Sempre fui teimoso e esta não foi excepção.
Vou contar o porquê de querer vir seguir este caminho, o porquê de querer ajudar estas crianças ou qualquer doente oncológico. Vi partir a minha avó, tinha eu 13 anos, ela viveu ou sobreviveu (nem eu tinha noção dessa diferença na altura) com a doença durante esses 13 anos, pois descobriu que a tinha antes de eu próprio nascer e já não era tratável. Eu cresci sempre com a ideia de ver a minha avó às vezes em tratamentos, outras vezes não. Para mim era uma situação normal e fui criado com ela e lá passava muito tempo enquanto os meus pais trabalhavam e sempre a conheci assim. Era doente e eu sabia mas não entendia a diferença para as restantes doenças como uma constipação ou uma gripe. Nunca me escondeu o seu peito quando se vestia e viu-o muitas vezes, cada vez pior mas não entendia o porquê. Para mim era uma ferida. Até que nos seus ultimos tempos tudo piorou demasiado...tinha o que hoje sei que eram metásteses osseas, faleceu no dia 23 de Janeiro de 2001, anos do meu irmão e sei que a sua ultima frase foi "só tenho pena de cá deixar os meus netinhos"...dói tanto pensar nisto...dói mesmo mas a vida assim o quis e levou a minha avozinha...
Não foi só isto...aos 18 anos levou uma boa amiga que tinha, tinha eu 17 anos na altura. Lembro-me da frase da minha mãe quando me informou da doença da Carla "olha filho acho que a Carla tem qualquer coisa ruim no sangue". eu tinha 16 anos, para mim podia ser qualquer coisa...menos... uma Leucemia...algo que vim a saber uns dias depois. "ok vai curar-se, a Carla vai decerto curar-se, não sei bem o que isso é mas é a Carla, tem uma força brutal, um sorriso hilariante..." foi o que pensei. Muito vi e assisti da Carla no seu processo de doença, e já tendo uma idade diferente para compreender, sabia o que ia acontecendo. Assisti a alegrias e tristezas...à alegria de saber que tinha encontrado um dador, a tristeza de meses depois ter rejeitado, a alegria de encontrar novo dador e...a imensa dor de a ter perdido meses depois...mais uma vez não me vou esquecer...sabia que estava já muito mal e lembro-me de ver a minha mãe a subir as escadas de casa e olhar para mim enquanto lavava o aquário e me dizer "daniel, a carla..." e começar a chorar. Só lhe respondi "deixa, já percebi" e continuei a lavar embora a mente estivesse estática. não queria ir velála, não queria vê-la morta mas fui, a minha mãe obrigou-me e quando lá cheguei a mãe dela pediu-me que lhe tocasse, que sentisse os seus cabelos e lhe desse um beijinho. Relutante eu fui e assim fiz, não estava morta...dormia eternamente e isso é diferente, eu estava mais frio que ela e isso fez-me senti-la quente, os seus cabelos estavam lindos e macios...ela estava linda. Hoje fiz dela um dos meus anjos da guarda, juntamente com a minha avó. Lembro-me das suas gargalhadas e tudo o mais. Amo-as para sempre. A minha tia passou por algo idêntico, um meningioma, mas tudo ocorreu pelo bem e hoje está bem, dentro do que lhe foi possivel mas está viva e isso é o mais importante para mim.
São estas as razões especificas da minha escolha, foi por elas que prometi que iria dar o meu melhor e tentar fazer o que com elas eu não consegui, ajudar nos piores momentos, estar nos tratamentos, perceber o que fazia e dar o meu melhor e isso com elas nunca o pude fazer, não sabia como, não tinha como...
Quem não me conhece fica agora a saber um pouco do passado, quem já conhece e não sabia fica a agora a perceber porque me custa às vezes tanta coisa, porque me custa tanto errar na vida...Desculpem quem já magoei...Obrigado a quem compreende e mesmo a quem não compreende, por estarem comigo quando precisei e preciso
Pois é...é inevitável e está a chegar o momento da verdade. É para ajudar fazer o meu melhor em situações como a que o Paulo relata que vou estagiar para onde escolhi seriamente à uns meses...Serviço de Pediatria do IPO. Ao longo do período desde a minha escolha até ao dia de hoje, já muito me foi dito.
Começou por a própria professora orientadora me dar a entender que não queria lá colocar alunos da escola, mas eu insisti e depois de muitas conversas com ela e outros colegas que la tiveram antes, lá me foi permitido ir... Depois já muita gente me disse que não vou conseguir aguentar bem esta carga toda, que a minha personalidade vai levar-me a sofrer muito com o que lá se dá, outros acham que consigo por essa mesma razão. Muita gente quando me pergunta para onde vou e lhes digo "IPO pediatria" automáticamente torcem o narzi... E eu? pois eu não sei...seriamente que não sei...
Tenho uma resposta aliás, vou com vontade de ajudar quem mais precisa, vou porque não me iria perdoar se não o fizesse, trata-se de um objectivo pessoal de há muito tempo que tinha de ver cumprido. Sempre fui teimoso e esta não foi excepção.
Vou contar o porquê de querer vir seguir este caminho, o porquê de querer ajudar estas crianças ou qualquer doente oncológico. Vi partir a minha avó, tinha eu 13 anos, ela viveu ou sobreviveu (nem eu tinha noção dessa diferença na altura) com a doença durante esses 13 anos, pois descobriu que a tinha antes de eu próprio nascer e já não era tratável. Eu cresci sempre com a ideia de ver a minha avó às vezes em tratamentos, outras vezes não. Para mim era uma situação normal e fui criado com ela e lá passava muito tempo enquanto os meus pais trabalhavam e sempre a conheci assim. Era doente e eu sabia mas não entendia a diferença para as restantes doenças como uma constipação ou uma gripe. Nunca me escondeu o seu peito quando se vestia e viu-o muitas vezes, cada vez pior mas não entendia o porquê. Para mim era uma ferida. Até que nos seus ultimos tempos tudo piorou demasiado...tinha o que hoje sei que eram metásteses osseas, faleceu no dia 23 de Janeiro de 2001, anos do meu irmão e sei que a sua ultima frase foi "só tenho pena de cá deixar os meus netinhos"...dói tanto pensar nisto...dói mesmo mas a vida assim o quis e levou a minha avozinha...
Não foi só isto...aos 18 anos levou uma boa amiga que tinha, tinha eu 17 anos na altura. Lembro-me da frase da minha mãe quando me informou da doença da Carla "olha filho acho que a Carla tem qualquer coisa ruim no sangue". eu tinha 16 anos, para mim podia ser qualquer coisa...menos... uma Leucemia...algo que vim a saber uns dias depois. "ok vai curar-se, a Carla vai decerto curar-se, não sei bem o que isso é mas é a Carla, tem uma força brutal, um sorriso hilariante..." foi o que pensei. Muito vi e assisti da Carla no seu processo de doença, e já tendo uma idade diferente para compreender, sabia o que ia acontecendo. Assisti a alegrias e tristezas...à alegria de saber que tinha encontrado um dador, a tristeza de meses depois ter rejeitado, a alegria de encontrar novo dador e...a imensa dor de a ter perdido meses depois...mais uma vez não me vou esquecer...sabia que estava já muito mal e lembro-me de ver a minha mãe a subir as escadas de casa e olhar para mim enquanto lavava o aquário e me dizer "daniel, a carla..." e começar a chorar. Só lhe respondi "deixa, já percebi" e continuei a lavar embora a mente estivesse estática. não queria ir velála, não queria vê-la morta mas fui, a minha mãe obrigou-me e quando lá cheguei a mãe dela pediu-me que lhe tocasse, que sentisse os seus cabelos e lhe desse um beijinho. Relutante eu fui e assim fiz, não estava morta...dormia eternamente e isso é diferente, eu estava mais frio que ela e isso fez-me senti-la quente, os seus cabelos estavam lindos e macios...ela estava linda. Hoje fiz dela um dos meus anjos da guarda, juntamente com a minha avó. Lembro-me das suas gargalhadas e tudo o mais. Amo-as para sempre. A minha tia passou por algo idêntico, um meningioma, mas tudo ocorreu pelo bem e hoje está bem, dentro do que lhe foi possivel mas está viva e isso é o mais importante para mim.
São estas as razões especificas da minha escolha, foi por elas que prometi que iria dar o meu melhor e tentar fazer o que com elas eu não consegui, ajudar nos piores momentos, estar nos tratamentos, perceber o que fazia e dar o meu melhor e isso com elas nunca o pude fazer, não sabia como, não tinha como...
Quem não me conhece fica agora a saber um pouco do passado, quem já conhece e não sabia fica a agora a perceber porque me custa às vezes tanta coisa, porque me custa tanto errar na vida...Desculpem quem já magoei...Obrigado a quem compreende e mesmo a quem não compreende, por estarem comigo quando precisei e preciso
A vida é feita de momentos, bons e máus. Tu sabes bem disso.
ResponderEliminarVais ter uma experiencia em que vais passar por muitas emoções, muitas delas vão apertar-te o coração e dar-te vontade de sair a correr, mas são essas experiencias que te vão encher por dento e completar a pessoa que já és.
As razões que te levam aquele lugar são a tua força e são elas que te vão fazer superar todos os obstáculos.
Abraço