Pois é, não poderia deixar de ser assim, tinha e precisava de vir aqui escrever a minha experiência de 1º dia no IPO, no serviço de pediatria. Foi diferente, muito diferente do que esperava... o porquê?não o sei explicar... Inicialmente fui muito bem recebido pela enfermeira chefe, a Enf.ª Elsa, a ela o meu obrigado. Depois o serviço foi-me apresentado por outra enfermeira Filipa, que também se mostrou disponivel na altura. Depois disto fiquei até ao final do turno olhando para protocolos, sem almoçar sequer e muito nervoso. Muito nervoso porque era tudo novo, nervoso porque me senti perdido e desamparado e dos nervos nem falava com ninguém mas anseava que alguém como habitualmente fazem, pusesse conversa comigo. O estranho? ninguém pôs...fui transparente...até para aquela que em igual cirscunstância se encontra, uma aluna que nem bom dia me disse, nem me tentou ajudar em nada...estranho vindo de alguém que em nada é do que eu. E assim foi, até depois da hora de almoço quando uma das enfermeiras realmente me dá alguma conversa que aproveito para falar mas foi tudo momentâneo e voltou o silêncio até a Enf.ª Elsa regressar da reunião e voltar a falar comigo. Enfim...estranho visto que elas entre elas mostravam ter uma excelente relação, não me terem falado e tentado fazer senti bem. Pelo menos é assim que tenho sido quase sempre recebido noutros locais de estágio.
Mas não foi tudo mau, pequenas coisas fizeram valer a pena todo o turno. Quando me apresentaram o serviço poucas eram as crianças acordadas, mas havia um que me marcou, foi a primeira criança que vi ao vivo em situação de doença crónica e ao contrário do que pensava...não custou, não no sentido em que não senti pena, vi no seu olhar um estado de alguém que sabe que está doente mas não liberta as amarras da saúde de uma criança que como todas as outras sabe que merece viver. A enf.ª perguntou se estava bom e ele com a cabeça acena e diz que sim. Gostei...gostei mesmo de ver que não é como pensava, não tinha de sentir pena mas sim, posso e devo vê-las como crinaças normais, que apenas têm obstáculos na vida que as obrigam a crescer "um pouco" mais depressa. Uma menina que tem cuidados totais com os enfermeiros em que dei por mim a ir ter junto dela na sala quando as enfermeiras sairam e pude ser como sou, a pessos que sou e, à vontade falar e brincar com ela. É uma criança muito bonita e realmente me deu vontade ajudar e cuidar...mesmo e faz-me lembrar o meu estágio de pediatria o ano passado, porque tive uma criança a meu cuidado por circunstancias identicas embora até um pouco diferentes.
Foi estranho e ainda não percebi o porquê, mas senti algo mesmo estranho, uma forma de ver a vida, por parte de uma das enfermeiras, mas calculo de todas, em que são visivelmente pessoas muito doces mas têm inexplicavelmente alguma frieza no que dizem, como dizem...acho que será da necessidade de manter "a distância", aquela necessária a manter a sanidade mental em situações complicadas e será um tipo de escudo da parte delas. e digo isto porque até na apresentação do serviço me diz p.ex. "aqui estão as folhas de óbito...sim também acontece..."
e eu já sabia que acontecia, claro que sabia mas a forma como o disse, ou o tom em como disso foi-me um tom estranho depois de ver a forma como falava com as crianças...
Enfim...um mundo novo...uma experiência assustadoramente nova, tal a exigência teórica que é necessária...uma surpresa ainda demasiadamente recente para saber se positiva ou negativa...
Espero, quero e pretendo mesmo aprender muito ali, naquele serviço, com aquelas crianças. Espero estar à altura de alguém que pode contribuir positivamente para ajudar. Gosto de gostar e de me puder dedicar a quem de mim precisa. Espro mesmo puder ser útil e é para isso que vou trabalhar. Espero que ELE me ajude também, que juntamente com os meus amigos será certamente mais fácil...
Mas não foi tudo mau, pequenas coisas fizeram valer a pena todo o turno. Quando me apresentaram o serviço poucas eram as crianças acordadas, mas havia um que me marcou, foi a primeira criança que vi ao vivo em situação de doença crónica e ao contrário do que pensava...não custou, não no sentido em que não senti pena, vi no seu olhar um estado de alguém que sabe que está doente mas não liberta as amarras da saúde de uma criança que como todas as outras sabe que merece viver. A enf.ª perguntou se estava bom e ele com a cabeça acena e diz que sim. Gostei...gostei mesmo de ver que não é como pensava, não tinha de sentir pena mas sim, posso e devo vê-las como crinaças normais, que apenas têm obstáculos na vida que as obrigam a crescer "um pouco" mais depressa. Uma menina que tem cuidados totais com os enfermeiros em que dei por mim a ir ter junto dela na sala quando as enfermeiras sairam e pude ser como sou, a pessos que sou e, à vontade falar e brincar com ela. É uma criança muito bonita e realmente me deu vontade ajudar e cuidar...mesmo e faz-me lembrar o meu estágio de pediatria o ano passado, porque tive uma criança a meu cuidado por circunstancias identicas embora até um pouco diferentes.
Foi estranho e ainda não percebi o porquê, mas senti algo mesmo estranho, uma forma de ver a vida, por parte de uma das enfermeiras, mas calculo de todas, em que são visivelmente pessoas muito doces mas têm inexplicavelmente alguma frieza no que dizem, como dizem...acho que será da necessidade de manter "a distância", aquela necessária a manter a sanidade mental em situações complicadas e será um tipo de escudo da parte delas. e digo isto porque até na apresentação do serviço me diz p.ex. "aqui estão as folhas de óbito...sim também acontece..."
e eu já sabia que acontecia, claro que sabia mas a forma como o disse, ou o tom em como disso foi-me um tom estranho depois de ver a forma como falava com as crianças...
Enfim...um mundo novo...uma experiência assustadoramente nova, tal a exigência teórica que é necessária...uma surpresa ainda demasiadamente recente para saber se positiva ou negativa...
Espero, quero e pretendo mesmo aprender muito ali, naquele serviço, com aquelas crianças. Espero estar à altura de alguém que pode contribuir positivamente para ajudar. Gosto de gostar e de me puder dedicar a quem de mim precisa. Espro mesmo puder ser útil e é para isso que vou trabalhar. Espero que ELE me ajude também, que juntamente com os meus amigos será certamente mais fácil...
E porque a doença oncológica não significa morte e porque a taxa de sobrevivência ainda é grande aqui deixei uma foto em cima que adorei e mostra a maioria das crianças internadas: com um sorriso na cara.
Abraços e beijinhos
Estamos contigo! Sabes disso coenzima!São esse tipo de experiências que nos fazem crescer enquanto pessoas e profissionais! E quanto à pessoas menos boas que possas encontrar, encara-as como uma lixa, podem fazer-nos arranhões mas no final ficamos, polidos e brilhantes! Força e boa continuação!Grande Abraço
ResponderEliminarÈ bom ir passando por aqui e ir percebendo as tuas experiências e o modo como as vais vivendo, tenho a certeza de que vais mostrar o excelente enfermeiro que és e que as crianças irão ver em ti um anjo da guarda. Ele olha por ti de certeza, mesmo que às vezes não o sintas ou percebas. Vou passando por aqui porque as tuas partilhas enriquecem-me enquanto aluno e enquanto pessoa.
ResponderEliminarRezo por ti e grande abraço
Faço das palavras do Bago as minhas palavras - mas só pra que saibas tive que ler duas vezes o que escreveste ali naquele paragrafo!
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